Entenda o que é e quais os sintomas causados pela hidrocefalia

Hidrocefalia

Perda gradual de memória, mudança na forma de trocar passos durante a caminhada ou até mesmo impossibilidade de reter a urina são apenas alguns dos problemas que, embora sejam comumente atribuídos às pessoas idosas, podem indicar sintomas de hidrocefalia.

De modo geral, quando apresentados em conjunto, esses sinais representam um estado de alerta e, consequentemente, a urgente necessidade de buscar auxílio médico, afinal, esse tipo de afecção, caracterizada pelo acúmulo de líquor (líquido cefalorraquidiano) nos ventrículos — cavidades cerebrais — pode ser bastante incapacitante.

Tendo em vista o alto índice de casos no Brasil, sendo mais de 10 mil novos pacientes diagnosticados todos os anos, sobretudo em pessoas com mais de seis décadas de vida e, também, levando em conta que se trata de uma doença subdiagnosticada cujo número de pacientes tende a ser maior, conhecer suas características, causas e sintomas é essencial.

Isso porque, ao compreender melhor a hidrocefalia, pode-se, por exemplo, minimizar as possíveis sequelas da doença, como retardamento do desenvolvimento físico ou mental, paralisia e a morte. Portanto, se quer saber mais sobre o problema, continue com a gente!

O que é hidrocefalia, afinal?

O líquido cefalorraquidiano (LCR), ou líquor, como também é conhecido, trata-se de um líquido que envolve o cérebro e tem por objetivo proteger e hidratar o órgão. Em geral, pode também estar presente em cavidades cerebrais chamadas de ventrículos. Sendo assim, quando ocorre o acúmulo de líquidos dentro das cavidades, gera-se uma consequente dilatação dos ventrículos que, por sua vez, leva à condição chamada de hidrocefalia.

Diante desse contexto, a hidrocefalia nada mais é do que uma doença provocada pelo aumento incomum de líquido no crânio, provocando inchaço e aumento da pressão no cérebro. Normalmente, esse quadro é desencadeado por infecções cerebrais como meningites ou, ainda, ser consequência de alterações no desenvolvimento fetal e tumores.

Infelizmente, a hidrocefalia nem sempre tem cura. Porém, ao se adotar uma linha de tratamento adequada, a condição tende a ser facilmente controlada, já que se pode, por exemplo, realizar cirurgias para drenar o líquido, aliviando assim a pressão intracraniana. Ademais, evita-se também sequelas importantes ou até mesmo a morte, em casos mais graves da doença.

Quais são os tipos de hidrocefalia?

Existem três tipos principais de hidrocefalia. São eles a hidrocefalia congênita, isto é, que ocorre no nascimento, a hidrocefalia adquirida — que ocorre após o nascimento — e, por fim, a hidrocefalia de pressão normal, que normalmente acomete pacientes com idade mais avançada. Abaixo, conheça as principais características de cada tipo:

Hidrocefalia congênita

1 a cada 1000 bebês, em média, já nascem com esse tipo de condição. Estima-se que a hidrocefalia congênita possa estar atrelada a outros problemas característicos do indivíduo antes do nascimento, como a espinha bífida ou resulta de infecções maternas no período gestacional, tais como sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, etc.

No caso das crianças que já nascem com essa condição, normalmente observa-se características físicas muito particulares, como:

  • cabeça maior do que o habitual;
  • veias aparentes no crânio em razão de uma pele mais fina que o normal;
  • o bebê está sempre com o olhar para baixo;
  • presença de sintomas relacionados a irritabilidade, dificuldade de alimentar-se, sonolência ou até quadros de vômitos.

Hidrocefalia adquirida

Em linhas gerais, a hidrocefalia adquirida ocorre após um indivíduo sofrer trauma na cabeça ou doença subjacente, como um tumor cerebral ou AVC (derrame), por exemplo. Nesse caso, dentre os principais sintomas apresentados, destaca-se as dores de cabeça constantes, náuseas e vômitos, perda do apetite, sonolência, alterações de personalidade, incluindo irritação, problemas visuais, convulsões, incontinência urinária e dificuldade para caminhar.

Quais são as causas da hidrocefalia?

A hidrocefalia, como já destacamos, normalmente ocorre em razão da produção em excesso de líquor, ora provocada por traumas na cabeça, ora originados em razão de doenças subjacentes como acidentes vasculares cerebrais, tumores, hemorragia, etc. Além disso, pode ser causada também por defeitos congênitos que, embora tratem-se de casos mais raros, podem acometer pacientes de qualquer idade.

Em sua grande maioria, as ocorrências de hidrocefalia em pessoas idosas, no entanto, estão associadas à perda da capacidade do cérebro em absorver corretamente o líquido cefalorraquidiano, embora as razões para isso ainda sejam desconhecidas. Ao contrário do que ocorre na hidrocefalia infantil, já que nessas pessoas a doença provoca o crescimento anormal da cabeça, uma vez que ainda não há consolidação da caixa craniana.

Como é feito o diagnóstico e tratamento da doença?

A hidrocefalia cuja causa não se pode definir com precisão é também uma forma muito mais difícil de se diagnosticar, afinal, o conjunto de sintomas que caracterizam essa condição também estão associados à outras doenças da pessoa idosa, como perda de memória, comprometimento das funções cognitivas, incontinência urinária e dificuldade para caminhar.

Nesse contexto, para diagnosticar precisamente a hidrocefalia o médico deve recuperar o histórico clínico deste paciente, bem como realizar exames complementares de imagem, a fim de verificar o tamanho dos ventrículos. Suspeitando-se de hidrocefalia de pressão normal, pode-se também realizar um teste conhecido como Tap-Test.

A princípio o paciente tem sua capacidade cognitiva e de memória avaliadas, bem como são realizados testes de marcha. Em seguida, busca-se avaliar o líquor extraído da coluna vertebral através de punção lombar, pois essa abordagem pode reduzir a retenção nos ventrículos em caráter temporário, havendo uma segunda bateria de exames na sequência.

Se for notado uma melhora substancial na resposta do paciente, sobretudo em aspectos antes identificados como irregulares, dá-se o diagnóstico efetivo da hidrocefalia, também chamada de hidrocefalia de pressão normal (HPNi)

O tratamento dessa condição, por sua vez, consiste na realização de cirurgias para drenar o líquido cefalorraquidiano, desmembrando-o para outras regiões, sobretudo o abdômen. Ainda, utiliza-se um procedimento chamado de neuroendoscopia — que utiliza um aparelho fino a fim de minimizar a pressão cerebral e fazer circular o líquor. Ademais, podem ser administrados medicamentos que contribuem para reduzir a produção excessiva de líquido no cérebro.

Independentemente do tratamento, o ideal é que o neurologista seja o profissional responsável por determinar a abordagem mais adequada para o tratamento da hidrocefalia. Sendo assim, procure um neurologista para esclarecer suas demais dúvidas e entender melhor sobre o tratamento indicado e suas eventuais complicações.

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