Com o aumento da expectativa de vida da população, é natural que algumas doenças ganham mais destaque. Contudo, no caso da doença renal, por exemplo, milhões de pacientes ao redor do mundo podem ter o seu quadro agravado em razão do uso sem controle de remédios nefrotóxicos, relacionados, principalmente, ao controle da dor, como analgésicos, anti-inflamatórios, e antibióticos.
Diante desse contexto, é válido destacar a gravidade da automedicação na saúde pública, uma vez que essa prática vem se tornando mais comum e, ao mesmo tempo, preocupante. De acordo com o Conselho Federal de Farmácia, uma pesquisa realizada pelo instituto apontou que 47% dos entrevistados já se automedicaram pelo menos uma vez. Dessa forma, a ausência de cuidados de um profissional da saúde é um risco para a saúde, como destacaremos nos tópicos a seguir. Basta continuar sua leitura!
O que são remédios nefrotóxicos?
Os rins compõem um dos principais sistemas do organismo humano e trata-se de um órgão vital para o funcionamento adequado do corpo. Dentre as atribuições relacionadas a ele, destaca-se a capacidade de filtrar o sangue no intuito de eliminar eventuais substâncias tóxicas da corrente sanguínea. Por conta disso, essa atividade pode provocar efeitos colaterais em razão da depuração de algumas toxinas.
Dentre elas, destacam-se os componentes de diversos medicamentos, comumente utilizados para tratar enfermidades corriqueiras, mas, sem o uso adequado, podem provocar lesões renais graves, sobretudo se não houver supervisão médica adequada. Portanto, os medicamentos nefrotóxicos são aqueles potencialmente perigosos à saúde dos rins.
Quais fármacos podem comprometer a saúde renal?
Em linhas gerais, os medicamentos que podem levar risco à saúde dos rins, mesmo de pacientes saudáveis, são também responsáveis por boa parte das falências renais agudas, especialmente aquelas desenvolvidas dentro do ambiente hospitalar. Soma-se a isso inúmeros outros casos de pacientes que adquirem doenças renais em razão de tratamentos ambulatoriais.
Entretanto, existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento de nefrotoxicidade, sendo os tipos mais comuns, inerentes ao uso de medicamentos ou aos indivíduos. Portanto, no primeiro grupo encontram-se as doses e as propriedades farmacológicas no microambiente renal.
Em seguida, fatores como a idade, sexo, presença de doenças crônicas, incluindo do sitema renal, cardiovascular, intestinal ou metabólicas, como o diabetes.
A seguir, conheça como e quais medicamentos afetam a saúde do órgão.
Anti-inflamatórios
Um dos grupos de remédios nefrotóxicos mais comuns no acometimento dos rins são os anti-inflamatórios não esteroides (AINES). Isso ocorre porque essa classe de fármacos pode reduzir a filtração renal, diminuindo a capacidade dos rins de filtrar o sangue. Em indivíduos saudáveis, no entanto, essa condição pode ser tolerável, sem que haja intercorrências importantes.
Contudo, os pacientes que já apresentam quadros de insuficiência renal, especialmente nos estágios mais avançados da doença, podem ter seu problema agravado, já que eles naturalmente tendem a apresentar uma redução significativa da filtração renal. Consequentemente, são maiores as chances de desenvolver para falência renal aguda.
Portanto, é fundamental evitar o uso sem acompanhamento de AINES, como:
- Diclofenaco;
- Ibuprofeno;
- Naproxeno;
- Nimesulida;
- Indometacina;
- Cetoprofeno;
- Ácido mefenâmico;
- Piroxicam;
- Celecoxib;
- Etoricoxibe;
- AAS (ácido acetilsalicílico).
Antibióticos
O uso de antibióticos também pode ser nocivo à saúde renal, haja vista que eles podem provocar inchaço do tecido renal e uma inflamação nos túbulos renais (Nefrite Intersticial). Ao contrário dos anti-inflamatórios não esteroides, os antibióticos contém baixa proteinúria, porém, podem desencadear sinais e sintomas frequentes da doença renal, sobretudo aqueles frequentemente associados a insuficiência renal aguda.
São exemplos de antibióticos que devem ser evitados:
- Penicilina;
- Rifamicina;
- Ciprofloxacino;
- Sulfametoxazol + Trimetoprima;
- Tobramicina (entre outros aminoglicosídeos);
- Anfotericina B;
- Pentamidina.
Analgésicos
Até a década de 1980, o uso da Fenacetina na composição de medicamentos de propriedade analgésica era uma das principais causas de lesões renais, provocados também pelo uso prolongado e sem supervisão médica. Contudo, esse tipo de lesão é pouco comum nos dias atuais, muito embora ainda haja registros recorrentes relacionados ao uso prolongado por meses ou até mesmo anos de paracetamol + ácido acetilsalicílico (AAS).
Contraste de exame radiológico
Alguns exames radiológicos demandam o uso de contraste para destacar melhor os resultados desejados na imagem. Contudo, pacientes renais crônicos devem evitar esse tipo de procedimento tanto quanto possível. Em casos onde não for possível evitar a realização do exame, o paciente pode ser preparado para que os efeitos colaterais sejam minimizados.
Alguns exemplos de investigação via imagem, eventualmente necessárias para, incluem:
- Tomografia computadorizada.;
- Cateterismo cardíaco;
- Urografia excretora;
- Angiografia;
- Ressonância magnética.
IBPs
Os Inibidores da bomba protônica (IBPs) são medicamentos que podem provocar danos à estrutura renal em caso de uso persistente, ou seja, de forma crônica. No mercado, os IBPs mais comuns à disposição do público geral são conhecidos pelo omeprazol. Entretanto, destacam-se também nessa categoria, o dexlansoprazol, esomeprazol, lansoprazol, pantoprazol e rabeprazol.
Vale destacar ainda que o uso desses fármacos pode ser seguro para o tratamento pontual de doenças do trato gástrico por um prazo que pode variar entre 4 ou 6 semanas, de acordo com as orientações médicas. Logo, a questão trata exclusivamente do uso prolongado por diversos meses consecutivos.
Fibratos
Pacientes que apresentam alto nível de gordura (triglicerídeos) no sangue, precisam fazer uso de fibratos, como o fenofibrato, genfibrozila ou ciprofibrato, uma vez que são medicamentos indicados para o tratamento de hipertrigliceridemia. Contudo, em se tratando de pessoas com doença renal, os fármacos podem levar ao agravamento da disfunção e, por isso, se recomenda evitar seu uso prolongado.
Como pudemos ver neste artigo, tanto a prática de automedicação quanto o uso de remédios nefrotóxicos para o tratamento ambulatorial, sob supervisão médica, demanda total atenção, haja vista o seu potencial agressivo aos pacientes que já apresentam problemas renais avançados. Por isso, ressaltamos mais uma vez os perigos da falta de acompanhamento médico adequado, considerando os efeitos colaterais danosos à saúde dos rins em razão da presença de substâncias farmacológicas.
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